sábado, 17 de novembro de 2012

A CRUELDADE SERÁ CASTIGADA

O justo atenta para a vida dos seus animais, mas o coração dos perversos é cruel. Provérbios 12:10

Quando eu tinha 9 anos, a nossa família morava na Ilha da Madeira. As ruas do Funchal, a capital, eram pavimentadas com paralelepípedos (ainda o são), e grande parte do transporte nas ilhas era feito em trenós arrastados sobre aquelas pedras. Os trenós tinham longos patins de aço e eram puxados por cavalos ou mulas. Os condutores desses trenós reduziam a fricção sobre os patins, engraxando-os periodicamente com sebo bovino envolto em sacos de serapilheira.
Um dia, quando eu caminhava pelas ruas da cidade, vi uma multidão que observava um homem com uma parelha de cavalos e um daqueles trenós, tentando mover um grande barracão colocado na calçada de cimento. Também parei para olhar. O condutor tinha amarrado longas e grossas cordas dos cabrestos ao trenó, e batia sem piedade nos cavalos. O meu coração condoeu-se das pobres criaturas. Por mais força que fizessem, não conseguiam mexer a carga.
Enquanto o condutor pensava no que faria a seguir, as cordas afrouxaram momentaneamente. O condutor virou-se e começou a juntar as cordas, aparentemente para açoitar um dos cavalos, que ele julgava estar a negar-se a trabalhar. O seu movimento assustou os cavalos. Eles deram uma guinada, esticando as cordas. Com a rapidez de um relâmpago, o homem foi atirado ao ar. A imagem daquele homem descendo com a cabeça para baixo está gravada na minha memória. Caiu de cabeça e magoou-se muito. Eu estremeci, mas na minha mente infantil fiquei feliz porque o homem tinha provado um pouco do seu próprio 'remédio'. Um cristão nunca deve regozijar-se com o infortúnio alheio, mesmo que este seja o resultado dos erros da própria pessoa (ver Provérbios 24:17). Afinal de contas, o julgamento pertence a Deus. Mas por outro lado, maltratar os animais está errado e Deus vai pedir contas a quem comete essa maldade. Se um pardal não cai ao chão sem que o nosso Pai celestial o observe (Mateus 10:29), com certeza Ele está a acompanhar a maneira como tratamos as Suas outras criaturas.
Se isso é verdade, não deveríamos tratar bondosamente os nossos semelhantes, que valem mais "do que muitos pardais"? (Ver Lucas 12:7).