quinta-feira, 16 de agosto de 2012

COMO TRATAR UM INIMIGO

Se o seu inimigo estiver com fome, dê-lhe algo para comer; se ele estiver com sede, dê-lhe um pouco de água. Assim, ele ficará arrependido do mal que fez; além disso, o Senhor dará a você a recompensa. Provérbios 25:21 e 22 (A Bíblia Viva)

O soldado japonês típico da Segunda Guerra Mundial ficou lembrado pela sua cruel insensibilidade para com o sofrimento humano. Como ex-prisioneiro, sei disso. Cheguei a compreender, entretanto, que esses homens foram vítimas do sistema satânico sob o qual serviam, pois eram tão indiferentes ao sofrimento dos seus próprios feridos como o eram para com o dos inimigos.
Apesar dessa realidade, havia excepções e nem todos os soldados japoneses eram insensíveis. Recordo-me bem de uma vez em que, já tarde, de noite, um dos nossos guardas foi nas pontas dos pés até às nossas tendas e cuidadosamente cobriu os presos que se tinham descoberto durante o sono. Também soube que o Tenente Tomibe Rokuro, que foi nosso comandante por algum tempo, chorou quando viu como a Kempeitai (polícia secreta) tinha torturado alguns dos nossos homens.
Houve também exemplos de compaixão revelados pelos aliados. Na Tailândia, onde a minha mulher e eu trabalhámos como voluntários de 1990 a 1992, soubémos que um comboio cheio de soldados britânicos, durante a Segunda Guerra, foi desviado para outra linha férrea para uma espera demorada. Os britânicos ouviram os gemidos dos japoneses feridos num comboio próximo. Alguns foram investigar e viram aqueles pobres homens num estado de abandono chocante. Sem dizer palavra, e sob protestos da guarda japonesa, os britânicos repartiram a sua ração e a água, limparam e fizeram curativos nos ferimentos dos japoneses da melhor forma que puderam. Ao saírem, ouviram os agradecidos soldados inimigos dizendo: "Arigato" (muito obrigado).
Um oficial aliado que observava a cena criticou os bons samaritanos por terem "prestado ajuda e dado consolo ao inimigo". Fizeram-no recordar, entretanto, que o Bom Samaritano original ajudara um inimigo (João 4:9; Lucas 10:33) e, assim, por que razão não poderiam eles fazer a mesma coisa?
Se alguém o considera um inimigo, trate-o com bondade cristã. Esses actos de amor farão com que a consciência dessa pessoa 'fique a arder' e o seu comportamento se modifique - mas não conte com isso, pois não deve ser esse o motivo de fazermos o bem aos nossos inimigos. Devemos fazer o bem porque somos seguidores de Cristo e porque foi assim que Ele agiu.