segunda-feira, 9 de abril de 2012

ILEGITIMIDADE

Jefté era valente guerreiro ... mas a mãe dele era prostituta. O pai dele ...tinha vários outros filhos, da legítima esposa. Quando estes cresceram, expulsaram Jefté e disseram: "Você é filho doutra mulher, e não há-de ser herdeiro em nossa casa! Juízes 11:1 e 2 (A Bíblia Viva)

Por alguma razão perversa, os seres humanos tendem a considerar ilegítima, não tanto a relação dos pais de uma criança 'mal-concebida', mas a própria criança. Foi isso o que aconteceu com Jefté.
Há alguns anos, li um livro escrito por Sidney Stewart, Give Us This Day (Dá-nos Este Dia), no qual ele conta as durezas pelas quais ele e um grupo de soldados passaram durante a batalha de Bataan e em vários campos para prisioneiros de guerra.
Numa passagem comovente, ele conta como, certa noite, ele e o seu amigo Rass ouviram um soldado ferido que gemia, a uns oito metros do esconderijo deles. Arriscando a vida, os dois foram-se arrastando pelo chão e puxaram o homem até ao seu abrigo. O soldado parecia mais um miúdo do que um homem, e era óbvio que estava mortalmente ferido.
- Tenho tanto medo de morrer! - disse ele. - Não sei o que acontece depois da morte.
- Rapaz - disse Rass ternamente - não aprendeste nada sobre Deus e o Céu?
- Não sei nada sobre Deus - gemeu o jovem, olhando com os olhos bem abertos e assustados. - Nunca fui à igreja em toda a minha vida. Nunca tive um pai. Só eu e a minha mãe.
Rass, um cristão, segurou a mão do rapaz e contou-lhe a história da salvação. Quando concluiu, a manhã despontava e Stewart pôde ver mais claramente o rosto do jovem. Este não tirava os olhos de Rass. Stewart estudou o rosto dele. Sorria levemente agora, como se alguém lhe tivesse mostrado algo importante pela primeira vez.
- Já não estou com medo - disse ele por fim. E fechou os olhos. A sua cabeça caiu para um lado. Morreu.
Quão gratos podemos sentir-nos porque a salvação e aquilo que fizermos de nós mesmos não dependem de sermos 'legítimos'. Deus aceita-nos exactamente como somos. Não precisamos de responder pelos erros dos nossos pais (ver Ezequiel 18:4). Mas como seria mais fácil a vida de alguns infelizes, se lhes mostrássemos mais aceitação e compreensão!