segunda-feira, 5 de março de 2012

TESTEMUNHO INCONSCIENTE

Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder a cidade edificada sobre um monte; ... Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus. Mateus 5:14 e 16

Há muitos anos, uma tempestade violenta derrubou uma igrejinha na costa sul da Inglaterra. A congregação era muito pobre para poder reconstruí-la. Certo dia, um representante do Almirantado visitou o pastor e perguntou-lhe quando é que os seus paroquianos pretendiam construir uma nova igreja.
- Provavelmente, nunca - respondeu o pastor. - A congregação é muito pobre.
- Bem - disse o representante do Governo - se vocês não puderem reconstruí-la, o Almirantado vai ter de fazê-lo. A sua congregação pode não saber, mas a torre da igreja era uma das referências pelas quais os navios guiavam o seu curso através do Canal. Desde o seu desaparecimento, temos recebido muitas reclamações e pedidos de ajuda.
Às vezes, um estilo de vida despretensioso, pequenos actos inesquecíveis de bondade, palavras encorajadoras proferidas sem premeditação, podem ser veículos através dos quais o Espírito Santo alcança almas e gera nelas o desejo de permitir que Cristo assuma o controlo da vida. Esses actos são como o testemunho inconsciente daquela pequena igreja.
Quando a minha mulher e eu fomos missionários em Boa Vista, capital de Roraima (na época, o território de Rio Branco), no Brasil, uma senhora pediu estudos bíblicos. Eu não sabia, mas aquela senhora tinha um filho adulto com atraso mental.
Certo dia, no meio de um estudo, ele entrou repentinamente na sala, despido e a gritar de modo inarticulado. Fiquei atónito; a mãe, embaraçada, mandou-o sair. Tentei aparentar serenidade, mas sei que não consegui.
Poucos dias depois, o nosso período de trabalho terminou e não cheguei a completar os estudos com aquela senhora. Perdemos o contacto com ela e considerei o meu testemunho um fracasso. Mas aparentemente não foi. Graças a Deus por isso! O meu amigo disse-me que ela alegava ter sido eu o instrumento para a sua entrega a Cristo, mas não reconheço nenhum crédito a meu favor.
Será que, em alguns casos, o nosso testemunho cristão é inconsciente?