sábado, 31 de março de 2012

SERVO DOS SERVOS

Ora, se eu, sendo o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros. Porque Eu vos dei o exemplo, para que, como Eu vos fiz, façais vós também. João 13:14 e 15

Um dos títulos que o pontífice romano adoptou para si é o de "servo dos servos". Em harmonia com esse título, cada ano o Papa lava os pés de 12 sacerdotes comuns. Eles vão da capital italiana para dentro da Basílica de São Pedro para esse rito.
Há algum tempo, fiz o trabalho de revisão dos manuscritos do livro intitulado Missions: A Two-Way Street (Missões: Uma Rua de Mão Dupla), da autoria de Jon Dybdahl. Nesse livro, o autor fala de um tabu observado entre os tailandeses, o qual pode parecer estranho para alguns de nós. No Ocidente, algumas funções orgânicas nunca são mencionadas na presença de pessoas educadas. Não se passa o mesmo na Tailândia. Os tailandeses falam sem constrangimento desses assuntos, mas o curioso é que eles consideram os pés como apêndices não mencionáveis. Apontar para alguém com o pé é um sinal claro de desrespeito.
Dybdahl aprendeu por experiência própria quão seriamente os tailandeses consideram esse tabu. Certo dia, enquanto esperava sentado numa sala de tribunal, o seu tornozelo repousava sobre o joelho da outra perna, enquanto ele balançava o seu sapato de número 42 na direcção de ninguém em especial. O oficial de justiça ordenou-lhe, com palavras muito exactas, que mantivesse os pés assentes no chão!
Algum tempo mais tarde, Dybdahl conheceu um monge budista que fazia relevos de cimento no seu mosteiro. Os relevos representavam incidentes significativos das grandes religiões do mundo. Poderia Dybdahl sugerir um motivo que melhor representasse o cristianismo? Depois de reflectir sobre o pedido, Dybdahl sugeriu a cena da cerimónia do lava-pés, que precedeu a Santa Ceia.
- O senhor quer dizer que Jesus lavou os pés dos Seus discípulos? - perguntou o monge, espantado.
- Sim - respondeu Dybdahl com naturalidade.
Alguns instantes depois, o monge comentou com reverente temor:
- Acho que agora entendo o que significa o cristianismo. Vou representar Jesus a lavar os pés dos discípulos.
Será que essa compreensão levou o monge a aceitar Cristo? Dybdahl nunca soube. Mas a pergunta importante para nós é: Não deveríamos nós seguir mais fielmente o exemplo de humildade manifestado pelo original Servo dos servos?

sexta-feira, 30 de março de 2012

O CÂNTICO DE VITÓRIA

E cantavam o cântico de Moisés, servo de Deus, e o cântico do Cordeiro. Apocalipse 15:3.

O 'Cântico de Moisés' é sem dúvida uma referência à canção de livramento que Israel cantou celebrando o milagre no Mar Vermelho e a memorável vitória sobre as forças de Faraó. (Êxodo 15:1-21). Aquele cântico celebrou, entre explosões de gozo e expressões de louvor, a libertação do jugo egípcio. O hino do Cordeiro, entretanto, celebrará o triunfo final sobre a tirania do pecado e o domínio do mal.
Este será um momento pleno de alegrias e emoções. Os portais resplandecentes da cidade de Deus abrir-se-ão de par em par, e os redimidos do Senhor, em vibrantes aclamações, entrarão. Todo o céu vibrará de alegria. Ecoará melodiosa a música executada por hostes angelicais, acompanhada com harpas de ouro. E uma multidão inumerável, formada pelos redimidos de toda a terra, se unirá num jubiloso cântico: "Grandes e maravilhosas são as Tuas obras, Senhor Deus Todo-poderoso! Justos e verdadeiros são os Teus caminhos, ó Rei dos santos." Apocalipse 15:3.
Um escritor francês narra a história de um navio, no século passado, que durante semanas vagou à deriva, perdido no mar, batido pelas tormentas. Um dia, do alto do mastro, um marinheiro gritou ter avistado terra. Excitados, passageiros e tripulantes correram ao convés, aguardando ansiosos o momento quando vislumbrariam as praias no horizonte. Conseguiam divisar apenas contornos vagos, tão imprecisos, que quase se deixaram abater pelo desalento. Seria terra? Poderia ser a França? Era-o de facto? Ou algum país estranho? Gradativamente os contornos se tornavam mais distintos. Depois de algumas horas que se assemelharam a uma eternidade, o vigia bradou: "França! É a França!"
A alegria daqueles perplexos e atribulados passageiros e tripulantes não conheceu limites. Depois de tão longa tormenta, aflições e temores, chegavam afinal à pátria! O mesmo sucederá connosco, quando após as tempestades e tribulações desta vida, divisarmos as praias do além. O nosso gozo atingirá o seu climax quando os nossos pés cansados cruzarem os portais da Nova Jerusalém. Então viveremos com inexprimível emoção a experiência descrita pelo profeta de Patmos: Cantaremos "junto ao mar de vidro" o cântico de vitória.
Quando Jesus anunciou aos Seus discípulos que estava para deixá-los, viu que a tristeza os dominou. Por isso, com ternura, acrescentou: "A vossa tristeza se converterá em alegria .... Outra vez vos verei, e o vosso coração se alegrará." (S. João 16:20, 22). Então estaremos afinal na nossa Pátria eternal.

Enoch de Oliveira in Cada Dia Com Deus

quinta-feira, 29 de março de 2012

ELA DEU A OFERTA MAIOR

E disse (Jesus): Verdadeiramente vos digo que esta viúva pobre deu mais do que todos. Lucas 21:3

O incidente da viúva que ofereceu duas moedinhas ocorreu provavelmente na tarde de Terça-feira da Semana da Paixão. Imagine a cena: Durante a manhã inteira, primeiro os fariseus e herodianos, depois os saduceus, e finalmente os escribas, tinham estado a pôr Jesus à prova com perguntas capciosas, fazendo tudo para que Ele dissesse algo contraditório.
Agora estamos no início da tarde, e Jesus encontra-Se diante do gazofilácio, ensinando a multidão. Nesse momento, "estando Jesus a observar viu os ricos lançarem as suas ofertas no gazofilácio" (Lucas 21:1). Com que espalhafato alguns deles davam as suas contribuições!
Num outro contexto, a Bíblia conta-nos que, quando certos indivíduos do tempo de Cristo faziam algum 'acto de caridade', eles anunciavam-no com "toques de trombeta ... para serem glorificados pelos homens" (Mateus 6:2). Assim, é possível que alguns ricos a que se refere a história da viúva, tenham chamado a atenção para a sua generosidade, mandando tocar trombeta na frente deles. Note que o contexto imediatamente anterior ao acto da viúva conta-nos que Jesus advertiu o Seu auditório contra aqueles que "devoram as casas das viúvas e, para o justificar, fazem longas orações" (Marcos 12:40). Essas pessoas eram hipócritas.
Ninguém, hoje, manda tocar trombeta para atrair a atenção para a sua contribuição generosa para a igreja - pelo menos, não do mesmo modo. Mesmo assim, todos já ouvimos a expressão 'ele está a tocar trombeta'. Às vezes, o toque de trombeta acontece quando alguém garante enfaticamente que não deseja chamar a atenção para as suas contribuições, mas o que na realidade acontece é que essa pessoa atrai exactamente a atenção que o seu subconsciente deseja, através dos seus veementes protestos! Pense nisto.
Mas há outro ponto a ser considerado: Como pode Jesus dizer que a viúva, que tinha depositado apenas "duas pequenas moedas correspondentes a um quadrante" - a moeda mais pequena em circulação na época - tinha depositado mais do que todos os ofertantes? Já pensou que, devido ao exemplo abnegado daquela viúva, muitas pessoas desde o tempo de Jesus passaram a contribuir para a causa de Deus com maior fidelidade e com o mesmo espírito modesto? Teria sido nesse sentido que ela "deu mais do que todos"?

quarta-feira, 28 de março de 2012

UNIDADE DA DIVERSIDADE

Assim como num só corpo temos muitos membros, mas nem todos os membros têm a mesma função; assim também nós, enquanto muitos, somos um só corpo em Cristo e membros uns dos outros. Romanos 12:4 e 5

O hino cristão Benditos Laços, cantado frequentemente em despedidas, foi escrito por John Fawcet, pastor baptista de uma pequena congregação na Inglaterra. Em 1772, depois de ter trabalhado como pastor durante sete anos, ele foi chamado para trabalhar numa grande igreja de Londres. No dia seguinte à pregação do seu sermão de despedida, a mudança foi feita numa carroça. Muitos dos paroquianos foram despedir-se dele. Alguns, chorando, expressaram tristeza pela sua partida e suplicaram-lhe que ficasse.
Ele sentiu-se tão tocado por aquela demonstração de amor, que mandou descarregar os seus pertences e enviou àquela grande igreja da cidade o recado de que tinha mudado de ideias. Permaneceu na igrejinha o resto da sua vida. Pouco tempo depois da sua decisão de ficar, escreveu o hino pelo qual se tornou conhecido. O amor de Cristo, naturalmente, como diz o texto de hoje, é o laço que nos mantém unidos.
Com frequência, os discípulos de Jesus demonstravam falta de união, ao procurarem de modo egoísta ocupar os cargos mais elevados no Seu reino vindouro. Esse espírito de ambição ainda os dominava no dia anterior à crucifixão do Salvador. Foi devido a essa atitude independente e causadora de divisões que, pouco antes de deixar o aposento superior e sair para o Getsêmani, Jesus orou por unidade - não só unidade entre os Seus discípulos, mas entre todos aqueles que viriam a crer n'Ele por meio do seu testemunho - e esses incluem-no a si e a mim, não é? (Ver João 17:20 e 21.)
Unidade não é a mesma coisa que uniformidade. Deus não espera que cada cristão fale e actue de maneira exactamente igual à de outro cristão. A diversidade não é só permissível entre os cristãos; ela é desejável. Apesar disso, deve haver concordância no que diz respeito a crenças fundamentais e, desnecessário é dizer, essas crenças devem ser baseadas na Bíblia. Richard Baxter, pregador inglês, diz isso do seguinte modo: "Nas coisas necessárias, unidade; nas coisas duvidosas, liberdade; em todas as coisas, caridade."
No Juízo Final, a grande pergunta para nós não será: "Em que creu?" - por mais importante que isso possa ser. Mas sim: "Como tratou o seu semelhante?"
Benditos Laços

Benditos, sagrados serão,
os laços fraternos do amor,
Se juntos, com Cristo,
ficarmos unidos,
Na causa, na luta, na dor.

Se juntos orarmos a Deus,
se juntos buscarmos poder,
As hostes contrárias,
as forças das trevas,
Com Cristo iremos vencer.

Se desta sagrada reunião,
nós vamos distantes ficar,
Na pátria celeste,
p'ra sempre com Cristo,
Unidos havemos de estar.

terça-feira, 27 de março de 2012

INTERESSE PELAS PESSOAS

Olha à minha direita e vê, pois não há quem me reconheça, nenhum lugar de refúgio, ninguém que por mim se interesse. Salmo 142:4

Algumas versões da Bíblia dizem, na parte final desse versículo: "Ninguém que se interesse pela minha alma." No hebraico, a expressão traduzida por 'minha alma' quer dizer com frequência simplesmente 'mim'. Nalguns casos, como em Tiago 5:20, alma refere-se a pessoas em necessidade de salvação. Por enquanto, pensemos em alma nesse sentido. Quanto interesse temos pela salvação dos que nos rodeiam?
Quando o teimoso evangelista americano Dwight L. Moody era adolescente, conseguiu trabalho como empregado na sapataria do seu tio. Algumas semanas antes disso, tinha-se inscrito numa classe de escola dominical cujo professor era Ezra Kimball. Esse Sr. Kimball não era simplesmente um professor comum de escola dominical; ele manifestava interesse pelo bem-estar espiritual dos seus alunos. Um dia, sentiu-se inspirado a fazer um apelo para que Moody dedicasse a sua vida a Cristo.
No dia 21 de Abril de 1855, o Sr. Kimball foi à loja onde Moody trabalhava e perguntou se podia falar com ele. Encontrou o jovem no fundo da loja, a arrumar sapatos numa prateleira. Pondo a mão sobre o ombro de Dwight, disse:
- Dwight, estou preocupado contigo.
Nesse momento os seus lábios tremeram e ele não conseguiu continuar. Quando se recompôs, contou a Moody acerca do amor de Cristo por ele e apelou-lhe para que correspondesse a esse amor.
Quando o professor saiu, Moody disse para si mesmo: "Mas não é estranho? Aqui está um homem que me conhece há tão pouco tempo, mas que mesmo assim se interessa pela minha alma. Acho que é tempo de eu me interessar por ela também". Descendo ao porão, ajoelhou-se atrás de algumas caixas e entregou a sua vida a Cristo. E aquela vida tomou um novo rumo. O resto da história é conhecida. Moody tornou-se um dos maiores 'conquistadores' de almas da sua geração.
O que teria acontecido se o Sr. Kimball não tivesse interesse pelas almas?
Por toda a parte, ao nosso redor, existem pessoas que necessitam de Cristo. Quão preocupados estamos, você e eu, com a salvação delas? Se o Espírito Santo o levasse hoje a falar com alguém a respeito da salvação, Ele poderia notar o seu interesse?

segunda-feira, 26 de março de 2012

A MULHER PREOCUPADA

"Marta, Marta" - respondeu o Senhor, "você está preocupada e atarefada preparando uma refeição de cardápio variado. Um prato só é suficiente. Maria escolheu o melhor prato, e este não lhe será tirado." Lucas 10:41 e 42 (Comentário Bíblico de William Barclay)

Há muitas traduções da passagem bíblica acima feitas por eruditos, mas William Barclay parece captar o sentido do original com mais exactidão.
Imagine a cena comigo. Ela ocorreu num dos lares mais ricos de Betânia, onde viviam Maria, Marta e o seu irmão Lázaro. O facto de terem de preparar uma refeição após a chegada do visitante, parece sugerir que Jesus chegou àquela casa sem ter avisado. Sendo assim, podemos concluir que talvez Ele tenha sido anteriormente convidado a aparecer quando quisesse.
Depois de cumprimentar Jesus (verso 39), Marta começou a ocupar-se no peparo de uma refeição custosa - as 'muitas coisas' (polla, no grego) com as quais Barclay sugere que ela se preocupou. Maria é mencionada a seguir. A palavra grega kai é geralmente traduzida por 'e'; mas no contexto pode ser traduzida por 'também'. Essa última poderia indicar que Maria, a princípio, tinha ajudado a sua irmã ao mesmo tempo que ouvia Jesus, mas que deveria ter parado de ajudar para sentar-se, encantada com as palavras do Mestre.
Finalmente, desesperada, Marta interrompeu pedindo (talvez exigindo) que Jesus mandasse Maria ajudá-la a preparar uma refeição com muitos pratos. É interessante notar que Jesus não ignorou a importância da refeição. Contudo, se Barclay estiver certo, Jesus sugeriu que um prato só era suficiente. Mas Jesus continuou e identificou as instruções que estava a dar a Maria como sendo 'o prato' (no grego, merida: 'porção de alimento') que ela tinha escolhido; esse, disse Jesus, Ele não lhe tiraria. Maria sabia quais eram as suas prioridades.
Assim como o alimento é importante para a manutenção da vida física, a nutrição espiritual é importante para a manutenção da vida espiritual. Não, a última é mais importante! Job entendeu isso quando declarou: "Estimo as palavras da Sua boca mais do que o meu necessário alimento." Job 23:12 - Barclay. O mundo seria bem melhor se as pessoas se preocupassem menos com o alimento físico e mais com a nutrição espiritual.

domingo, 25 de março de 2012

SANGUE PRECIOSO

Não foi mediante coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados do vosso fútil procedimento que vossos pais vos legaram, mas pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo. I Pedro 1:18 e 19

Há alguns anos, foi publicada uma interessante história acerca da Sra. Rose L. McMullin. Essa senhora viajara de um lado para o outro na América, doando sangue. Na ocasião em que a história foi publicada, ela acabava de chegar à cidade de Nova Iorque, para doar sangue a uma jovem mãe de 25 anos de idade. Não muito tempo antes disso, ela tinha estado em Salt Lake City, onde doara sangue para uma transfusão. Na época da publicação, ela tinha fornecido sangue para mais de 400 transfusões em 40 Estados!
A Sra. McMullin foi reconhecida como um fenómeno pelo mundo da Medicina. Ela era uma das raras pessoas cujo sangue contém um factor resistente ao 'estafilococo áureo', uma bactéria que pode causar sérias complicações quando penetra na corrente sanguínea. Além disso, ela era uma das raras pessoas cujo organismo recupera rapidamente da perda de sangue.
Por mais que nos maravilhemos diante das qualidades do sangue da Sra. McMullin, ele nunca poderia realizar aquilo que o sangue de Jesus Cristo fez por nós. O Seu "sangue ... purifica-nos de todo o pecado". I João 1:7. Mas como pode o sangue purificar-nos do pecado? Em geral, achamos que o sangue suja coisas, em vez de limpá-las.
A razão é porque, na Bíblia, o sangue simboliza a vida. Levítico 17:14 declara: "O sangue é a vida" (A Bíblia Viva). Mas o sangue não representa meramente a força vital em todos os seres vivos; ele também representa a vida que se viveu. Isso é um ponto importante que, com frequência, os teólogos passam por alto.
Jesus viveu uma vida sem pecado e o sangue d'Ele, representando a Sua força e a vida que Ele viveu, toma o lugar da nossa vida pecaminosa. É nesse sentido que o Seu sangue nos purifica de todo o pecado.
Mas para que o sangue derramado em nosso favor produza efeito, precisamos de aceitá-lo pela fé. Quando fizermos isso, não receberemos apenas o perdão de todos os pecados, mas o poder para vencer os pecados.

sábado, 24 de março de 2012

PARA ALÉM DO DESÂNIMO

Ele (Elias) veio e se assentou debaixo de um zimbro; e pediu para si a morte, e disse: Basta; toma agora, ó Senhor, a minha alma. I Reis 19:4

Já se sentiu tão desanimado a ponto de concluir que não valia a pena viver? Em caso afirmativo, você não está sozinho. No versículo escolhido para a nossa meditação, o poderoso servo de Deus, Elias, chegou ao ponto de concluir que a vida não valia a pena.
Depois da sua experiência extraordinária no topo do Monte Carmelo, durante a qual ele enfrentou 450 profetas falsos, Elias correu à frente da carruagem de Acabe uns 30 quilómetros sob chuva torrencial, até chegarem ao palácio em Jezreel. Em vez de convidar o seu leal servo para entrar e abrigar-se da chuva, o insensível rei deixou-o parado no lado de fora da porta da cidade.
Foi aí que aconteceu algo com Elias. Começou a ficar com pena de si mesmo. Ali estava ele, encharcado, faminto, sozinho e além disso os seus esforços não tinham sido apreciados. A situação parece-lhe familiar?
Nesse momento crítico, Satanás instigou a ímpia rainha Jezabel a enviar um mensageiro com o recado de que no dia seguinte Elias seria um homem morto. Com frio e fome, e sem dúvida com o nível de açúcar no sangue bem baixo, Elias esqueceu-se d'Aquele que com ele estivera no Monte Carmelo. Pôs-se a caminho. Quando chegou a Berseba, deixou o seu servo e caminhou durante um dia pelo deserto, onde implorou que Deus o deixasse morrer. Em vez disso, o Senhor enviou um anjo com alimento e água para mostrar que estava atento. Observe bem: Deus não permitiu que o Seu servo fosse provado além do que podia suportar.
Assim como Elias, a maioria das pessoas enfrenta ocasiões de total desânimo. Parece que as nossas provas estão além do que podemos suportar. É difícil crer que Deus é o bondoso benfeitor. Nessas horas, a morte parece preferível à vida, e muitos de nós deixamos de nos apegar a Deus. Mas não deveríamos! Ouça!
Deus não permitirá gue você seja provado acima das suas forças; o mesmo aconteceu com Elias. Invisíveis aos nossos olhos, os Seus anjos estão perto, procurando salvar-nos de nós mesmo (I Reis 19:5-7). Deixemos que eles realizem a obra que lhes foi confiada! (Ver Hebreus 1:14).

sexta-feira, 23 de março de 2012

AJUDANDO-NOS UNS AOS OUTROS

Levai as cargas uns dos outros, e assim cumprireis a lei de Cristo. Gálatas 6:2

As aves e os animais podem ensinar-nos muitas lições. Job 12:7 diz: "Pergunta agora às alimárias, e cada uma delas to ensinará; e às aves dos céus, e elas to farão saber."
Na Primavera e no Outono, vejo sempre gansos a voar numa formação em 'V' sobre a nossa casa em Idaho. Talvez você já os tenha visto também. Se observar durante algum tempo, verá que em intervalos certos a ave-líder deixa o comando e voa para uma das extremidades, enquanto outra ave passa a ocupar o seu lugar no vértice.
Os cientistas descobriram que os gansos voam nessa configuração especial porque ela é muito mais eficaz para economizar energia do que se eles voassem espalhados.
Descobriu-se que o bater de asas do ganso-líder, seguido por movimentos semelhantes das aves atrás dele, cria uma corrente ascendente de ar que dá um suporte adicional àqueles que estão a voar nas extremidades da formação. Estima-se que ao voar nesse padrão específico, os gansos gastam 60% menos energia do que se o fizessem de outra forma.
A posição no vértice é a que consome mais energia por causa da resistência do vento, e por isso os gansos rodam nessa posição em intervalos de poucos minutos. O voo realizado com menos esforço é o das extremidades da formação. Também se observou que as aves mais fortes permitem que as jovenzinhas, as fracas e as mais velhas ocupem esses lugares vantajosos.
Os cristãos deveriam 'erguer-se' uns aos outros com palavras de encorajamento e orações pelos que são menos fortes, quer essa fraqueza seja de natureza física, quer seja mental, social ou espiritual.
A aplicação desse princípio nos relacionamentos pessoais, no lar, na comunidade, na igreja, no país e no mundo resolveria muitos dos problemas da humanidade. A resposta não está nas soluções humanas. Só a graça de Cristo operando em nós como indivíduos pode tornar um sucesso a aplicação desse princípio.
Como cristãos, precisamos de olhar ao nosso redor e descobrir quem, dentro da nossa esfera de influência, está pior do que nós - e então aplicar essa lição das aves do céu.

quinta-feira, 22 de março de 2012

A EX-ADÚLTERA

Quando (Jesus) estava falando, os líderes judaicos e os fariseus trouxeram uma mulher apanhada em adultério e a colocaram na frente da multidão. "Mestre", disseram a Jesus, "esta mulher foi encontrada no próprio acto de adultério. A lei de Moisés manda que seja morta. O que o Senhor acha?" João 8:3-5 (A Bíblia Viva)

Em nenhuma parte da Bíblia aparece mais claramente a aplicação de dois pesos e duas medidas do que no caso da mulher apanhada em adultério. Se a mulher fosse apanhada em flagrante no próprio acto, o seu parceiro devia ter sido apanhado também, mas aparentemente foi-lhe permitido escapar impune. E isso apesar do facto de que a própria lei à qual os inimigos de Jesus apelaram, especificava claramente que ambos deveriam ser apedrejados até à morte (ver Deuteronómio 22:22).
Consegue imaginar o constrangimento daquela pobre mulher, ao ser exposta diante dos olhos da multidao enquanto os seus acusadores continuavam a exigir que Jesus desse uma resposta? Jesus não disse nada. §implesmente curvou-Se e começou a escrever. Pouco depois, pôs-Se em pé e disse: "Aquele que, dentre vós, estiver sem pecado, seja o primeiro que lhe atire pedra" (verso 7).
Depois curvou-Se outra vez e escreveu alguma coisa - os pecados deles. Enquanto Ele fazia isso, os acusadores da mulher desapareceram silenciosamente, até que ficaram apenas ela e Jesus. Foi nessa altura que Jesus pronunciou aquelas, maravilhosas palavras: "Nem eu te condeno; vai, e não peques mais" (verso 11).
Ellen G. White apresenta-nos uma fascinante sequência dessa história. Ela escreve: "Essa penitente mulher tornou-se uma das mais sinceras amigas de Jesus. Pagou-Lhe a compaixão e o perdão com um amor abnegado. Mais tarde, quando esmagada pela tristeza contemplou ao pé da cruz a agonia na face do seu Senhor moribundo, e ouviu o Seu amargo clamor, a sua alma foi ferida outra vez." - Signs of the Times, 23 de Outubro de 1879.
Como Maria Madalena se encontrava ao pé da cruz e viu Jesus morrer (Mateus 27:56), e anteriormente tinha sido uma mulher impura (ver O Desejado de Todas as Nações, pág. 566), alguns têm conjecturado que ela e a mulher apanhada em adultério eram a mesma pessoa - e talvez estejam certos. Mas o mais importante é que, seja qual for o pecado, existe esperança se os pecadores se arrependerem e se converterem e permitirem que o Senhor os livre dos seus caminhos pecaminosos.

quarta-feira, 21 de março de 2012

O PODER DO EXEMPLO

Torna-te, pessoalmente, padrão de boas obras. Tito 2:7

James H. McConkey conta como, num determinado Inverno da sua infância, o gelo sobre o rio que passava perto da sua casa começou a partir-se, inesperadamente, muito cedo. A corrente começou a empilhar grandes pedaços de gelo, sustendo partes do rio. A alguns quilómetros da casa de McConkey, um enorme bloco de gelo isolou 11 homens, mulheres e crianças. Espalhou-se rapidamente a notícia de que aquelas pessoas estavam condenadas pela água que subia. Apareceram, de todas as direcções, muitos espectadores.
O irmão mais velho de James apercebeu-se do que ia acontecer àquelas infelizes pessoas e passou à acção. Pôs uma nota de 50 dólares no bolso e correu para o local onde a tragédia estava para acontecer.
Quando chegou, dezenas de pessoas estavam paradas nas margens do rio, só a observar, sem fazer nada, nada! Dirigindo-se a um grupo de homens, McConkey ofereceu 50 dólares a quem resgatasse as famílias em perigo! Ninguém se mexeu.
Finalmente, McConkey mandou um rapazinho a uma loja próxima para comprar corda. Quando o menino regressou, McConkey amarrou uma extremidade da corda à volta da sua cintura e depois desafiou qualquer um que tivesse a coragem de prender-se também à corda, para participar do salvamento. Nessa altura, a situação era extremamente crítica.
Agora, enfrentando, sem hesitação, apresentaram-se quatro homens e prenderam-se à corda. Tendo McConkey à frente, eles caminharam cuidadosamente sobre o gelo escorregadio e trouxeram em segurança todos os homens, mulheres e crianças.
Quando McConkey ofereceu dinheiro, ninguém esteve disposto a arriscar a vida, mas quando ele amarrou a sua própria vida àquela corda e desafiou os outros pelo exemplo, encontrou pessoas dispostas a fazerem o mesmo. A coragem é contagiante!
No âmbito moral, acontece a mesma coisa. A tendência natural humana é seguir "a multidão para (fazer) mal" (Êxodo 23:2), mas quando uma pessoa revela coragem e defende os princípios, outros são inspirados a seguir o seu exemplo.
Hoje poderá encontrar-se numa situção que exija firmeza pelo que está certo. Tenha a coragem de mostrar as suas convicções, e outros serão inspirados a seguir o seu exemplo!

terça-feira, 20 de março de 2012

ARRISCAR A VIDA PELOS OUTROS

Zebulom é povo, que expôs a sua vida à morte, como também Naftali, nas alturas do campo. Juízes 5:18

O nosso versículo é tirado do cântico de Débora e Baraque, após a derrota de Sísera. Sísera era o comandante de um exército cananeu que oprimia Israel há 20 anos. Ele foi morto por Jael, uma mulher corajosa, após a batalha. No combate que ocasionou a derrota de Sísera, os soldados de Zebulom e Naftali desempenharam uma parte notável, arriscando as suas vidas para o bem de outros.
Embora os homens dessas duas tribos tivessem arriscado a vida na linha da frente para libertar os seus companheiros israelitas, eles não reivindicaram nenhum reconhecimento. Deus, entretanto, achou por bem registar na Sua Palavra uma homenagem àquele acto heróico e abnegado.
Certo dia, há muitos anos, uma senhora começou a atravessar uma rua na cidade de Nova Iorque. Ficou confusa e atravessou exactamente na frente de um autocarro que vinha na sua direcção. As pessoas que por ali passavam pressentiram uma tragédia, mas ficaram demasiado horrorizadas para agir. Um homem, entretanto, teve a presença de espírito para fazer o que precisava de ser feito. Robusto e vigoroso, ele correu e, arriscando a própria vida, ergueu aquela senhora nos braços e colocou-a num lugar seguro.
Um polícia que testemunhara o corajoso acto, disse ao herói:
- Preciso de relatar este incidente. O seu nome ficará ligado a um acto heróico.
- Não é necessário mencionar o meu nome - disse o estranho.
- Mas tenho de pôr alguma coisa - insistiu o polícia.
- Então diga simplesmente que foi um homem negro - disse o homem, a sorrir, e desapareceu no meio da multidão.
Soube-se mais tarde que o homem negro era o Dr. R. Morton, director do Instituto Tuskegee. (Essa escola, à qual o Dr. Morton dedicou a sua vida, foi fundada por Booker T. Washington e tornou-se uma das primeiras universidades a oferecerem uma educação de alto nível aos negros americanos.)
Deus geralmente não pede que arrisquemos a nossa vida física pelos outros, mas Ele pede que Lhe dediquemos a vida ao serviço do nosso semelhante.

segunda-feira, 19 de março de 2012

O CUSTO DA VIDA ETERNA

Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós O entregou, porventura não nos dará graciosamente com Ele todas as coisas? Romanos 8:32

Num dia de Verão, em 1937, John Griffith, controlador de uma ponte levadiça do caminho de ferro sobre o rio Mississípi, levou consigo para o trabalho o seu filho Greg, de 8 anos de idade. Por volta do meio-dia, John levantou a ponte para deixar alguns navios passarem, enquanto ele e Greg almoçavam na cabina de observação. Às 13 horas e 7 minutos, John ouviu à distância o apito do Memphis Express.
Ele tinha acabado de accionar a alavanca principal para baixar a ponte para dar passagem ao comboio, quando olhou ao redor à procura de Greg. Ficou simplesmente perplexo e horrorizado com o que viu. Greg tinha escorregado e caído entre as enormes engrenagens que movimentavam a ponte. A sua perna esquerda estava presa entre os dentes das duas engrenagens principais.
Com a velocidade de um relâmpago, a mente de John procurou soluções. Havia só duas: sacrificar o seu filho e poupar 400 passageiros, ou sacrificar 400 passageiros e salvar o seu filho. John sabia que alternativa deveria escolher. Enterrando o rosto no braço esquerdo, ligou o comutador principal com a mão direita. A ponte baixou até ao nível da estrada, o comboio passou velozmente e em segurança, mas Greg perdeu a vida.
No que diz respeito à raça humana, Deus enfrentou as mesmas alternativas terríveis: Sacrificar o Seu Filho e Poupar a raça humana, ou Sacrificar a raça humana e Poupar o Seu Filho. Ele escolheu a primeira.
Uma das tarefas mais difíceis de um líder espiritual é visitar membros da sua igreja que tenham perdido um filho ou uma filha. Certo dia um pastor foi visitar um casal que tinha acabado de receber a notícia de que o seu único filho tinha sido morto em combate. Quando o pastor chegou àquela casa, o pai caminhava de um lado para o outro na sala, perguntando repetidas vezes:
- Onde estava Deus quando o meu filho foi morto?
- No mesmo lugar em que estava quando o filho d'Ele foi morto - respondeu o pastor.
A resposta é inteligente, mas na realidade não responde à pergunta daquele pai. Raramente sabemos a razão por que Deus permite que uma pessoa morra enquanto poupa a vida de outra, mas uma coisa é certa: Aquele que não poupou o Seu Filho para salvar-nos, "não aflige nem entristece de bom grado os filhos dos homens." Lamentações 3:33. (Ver também Isaías 63:9).

domingo, 18 de março de 2012

O NOSSO DETECTOR DE METAIS ESPIRITUAL

Quando vos disserem: Consultai os necromantes e os adivinhos, que chilreiam e murmuram, acaso não consultará o povo ao seu Deus? A favor dos vivos se consultarão os mortos? À lei e ao testemunho! Se eles não falarem desta maneira, jamais verão a alva. Isaías 8:19 e 20

Qualquer pessoa que tenha viajado de avião nos últimos anos, teve de passar por um detector de metais antes de entrar no avião. A mais minuciosa inspecção pela qual a minha mulher, eu e a nossa filha mais nova já passámos, foi no aeroporto de Manila durante a Guerra do Golfo. Tivemos de chegar ao terminal quatro horas antes da hora do voo e, além das três inspecções da bagagem, fomos submetidos a duas inspecções ao nosso corpo e roupas. Não reclamámos.
Geralmente pensamos em detectores de metal que revelam armas escondidas como sendo uma invenção moderna. Mas não são. Enquanto vivíamos na Tailândia, visitámos a antiga capital Ayutthaya, não distante de Banguecoque. Ficámos a saber que, séculos atrás, os palácios tinham detectores de metal - não como os sofisticados detectores que existem hoje, mas eram suficientemente bons para a época. Os portões dos palácios eram feitos de magnetite, um íman natural. Se um assassino em potencial tentasse atravessar esses portões com uma arma camuflada, a magnetite puxaria a arma escondida como se fosse uma mão invisível. Assustado, o assassino procuraria a sua faca instintivamente, enquanto guardas treinados, observando cada movimento dos visitantes do palácio, o agarrariam e matariam antes que pudesse fazer algum mal à família real.
O maior 'detector de metais' no âmbito espiritual é a lei dos Dez Mandamentos, que Deus escreveu em tábuas de pedra com o Seu próprio dedo. O 'testemunho' do qual fala o nosso versículo é aquele que Deus inspirou os Seus profetas a escreverem, ou seja, a Bíblia.
A finita mente humana é incapaz de detectar todo e qualquer erro. Isso é especialmente verdade quando se trata de fenómenos espiritualistas. As entidades espirituais existem num estado normalmente invisível aos olhos humanos. Isso quer dizer que, se são más, possuem poderes incalculáveis para enganar. A nossa única esperança de detectá-las está em comparar os seus ensinos, e não a aparência (ver II Coríntios 11:14 e 15) com a Palavra de Deus, o 'detector de metais' do erro.

sábado, 17 de março de 2012

A ILHA ESMERALDA

Porei entre elas um sinal, e alguns dos que foram salvos enviarei às nações. ...até às terras do mar mais remotas, que jamais ouviram falar de Mim, nem viram a Minha glória; eles anunciarão entre as nações a Minha glória. Isaías 66:19

O Dr. William Drennan, no seu poema Erin, foi o primeiro a chamar à Irlanda a Ilha Esmeralda. O cristianismo foi introduzido na Irlanda por Paládio, por volta de 431 d.C., mas foi Patrício, o seu sucessor, que levou os irlandeses a converterem-se ao cristianismo realmente. Registos antigos indicam que Patrício foi observador do Sábado e acreditava na segunda vinda de Cristo.
Embora alguns séculos mais tarde os irlandeses se tivessem convertido ao catolicismo romano, a forma original de cristianismo que eles tinham adoptado por intermédio de Patrício era muito mais próxima dos ensinos de Jesus e dos Seus apóstolos do que aquela que prevaleceu noutras partes da cristandade na época. Durante a Idade Média, esses cristãos celtas preservaram a luz da verdade e da civilização que em grande parte se tinha perdido noutras regiões da Europa.
Dos seus centros de estudo, os cristãos irlandeses enviaram missionários à Europa e a outras partes do mundo, cumprindo assim a profecia de Isaías mencionada no nosso versículo de hoje. Por exemplo, Columba, o grande missionário enviado à Escócia, iniciou a evangelização daquela terra em 563. Mais tarde, fundou uma escola para o preparo de missionários na ilha de Iona. Columbano, que foi para a França como missionário em 585, fundou uma abadia em Luxeuil.
Os irlandeses mantêm fortes laços familiares. Embora muitos deles tenham emigrado para a América e outras partes do mundo, a celebração do Dia de São Patrício mantém-nos unidos. Quando a minha família e eu estivemos presos no campo de concentração japonês, o Padre Roberto Sheridan, sacerdote católico romano da prisão, convocou todos os que tivessem sangue irlandês para usarem a cor verde no Dia de São Patrício. Perguntei ao meu pai se tinhamos algumas gotas de sangue irlandês. Ele respondeu que a sua avó era de Belfast. Pesquisas posteriores revelaram que era de Belfast, do Estado americano do Maine, e não de Belfast, Irlanda do Norte, que é protestante.
Uma das admiráveis qualidades dos irlandeses é a sua tenacidade em face de circunstâncias adversas. Na Guerra Civil Americana, foram reconhecidos como os melhores soldados, que lutaram pela União. Mesmo que não tenhamos antepassados irlandeses, podemos todos seguir o exemplo do seu admirável espírito no conflito que se trava entre as forças do bem e do mal.

sexta-feira, 16 de março de 2012

GANHAR ATRAVÉS DO PERDER

Ouvistes que foi dito: Olho por olho e dente por dente. Eu, porém, vos digo: Não resistais ao perverso; mas a qualquer que te ferir na face direita, volta-lhe também a outra; e ao que quer demandar contigo e tirar-te a túnica, deixa-lhe também a capa. Mateus 5:38-40

No começo do século vinte, algumas das grandes potências da Europa tentaram dividir a China em zonas de influência. Os chineses ressentiram-se muito por causa desses esforços. Finalmente, desencadearam um movimento popular destinado a expulsar os 'diabos estrangeiros'. Esse movimento, chamado Punhos da Justa Harmonia, ou mais commumente a Rebelião dos Boxers, começou na província de Shandong e espalhou-se pelo nordeste do país. De Janeiro a Agosto de 1900, os bairros residenciais da Missão foram cercados e frequentemente saqueados. Dezenas de missionários e milhares de cristãos chineses perderam a vida nas mãos de multidões enfurecidas. Para acabar com o derramamento de sangue, as grandes potências intervieram militarmente. A rebelião foi dominada, restaurada a paz, e exigidas reparações do amargurado governo chinês.
Durante a época dos tumultos, um hospital pertencente à Missão Chinesa e administrado pelo Dr. Frank A. Keller, um senhor jovem, achou que a missão deveria ser indemnizada pelos danos. Mas antes de agir, decidiu pedir o conselho de Hudson Taylor, o idoso fundador da Missão. Chegou à casa de Taylor quando o velho missionário estava a orar - por ele! Enquanto esperava para conversar com Taylor, Keller teve a impressão de que o melhor rumo a seguir seria desistir de todos os pedidos de indemnização.
Quando Keller regressou ao posto missionário, informou o mandarim local acerca da sua decisão. A sua atitude cristã impressionou de tal maneira aquele oficial do governo, que ele e Keller se tornaram grandes amigos. A seguir, esse mandarim foi um instrumento para a abertura da província de Hunan às missões cristãs.
Em vez de exigirmos os nossos direitos quando sofremos prejuízos ou perdas, seria melhor seguirmos 'as coisas da paz' (Romanos 14:19). Essa atitude tem sempre vantagens eternas e às vezes vantagens temporais também.

quinta-feira, 15 de março de 2012

TEMOS UM REI

Pois ao Senhor pertence o nosso escudo, e ao Santo de Israel, o nosso rei. Salmo 89:18

Nos primeiros dias de Agosto de 1557, um exército de espanhóis comandado por Emmanuel Philibert de Savónia invadiu a França. Sitiaram a cidadezinha de São Quentin, onde o almirante Gaspard de Chantillon Coligny se tinha refugiado com o seu exército. Após algumas semanas de resistência, as defesas do exército francês estavam esgotadas, a febre e a fome tinham dizimado inúmeros defensores e a traição pairava no ar.
Um dia, os espanhóis mandaram uma seta para dentro da cidade, com uma mensagem presa. Prometia que, se Coligny se rendesse com o exército e a cidade, e se submetesse a Filipe II da Espanha, a vida e as propriedades dos defensores seriam poupadas.
Coligny leu a mensagem e, sem um momento de hesitação, rejeitou as condições. Pegou num pedaço de pergaminho, escreveu a resposta, amarrou-a a uma lança e arremessou-a para dentro das linhas inimigas. A resposta consistia em duas palavras latinas: "Regem habemus" (Temos um rei.) Ele referia-se, naturalmente, ao rei Henrique II da França. A lealdade requer coragem!
Algumas semanas depois de eu ter sido liberto do campo de concentração japonês, decidi ver a frente de combate. Algumas batalhas ferozes ainda se travavam em Manila, ao sul do rio Pasig, de modo que eu tinha de estar atento ao descer a Avenida Rizal. Fui interceptado por alguns soldados a um quarteirão da Ponte Jones. Do outro lado do rio, eu via o topo do prédio dos Correios, que estava a ser bombardeado com morteiros e varrido a tiros de metralhadora.
De repente, vi um soldado japonês com uma grande calma subir a um andaime no topo do prédio e prender a bandeira japonesa num poste de metal - desafiando o inimigo e enfrentando a morte quase certa! Isto para mim, era lealdade. (A propósito, ele conseguiu descer ileso, mas duvido que tenha sobrevivido à batalha.)
Nós tambem temos um Rei. Somos nós tão leais e fiéis ao nosso Rei, como somos aos governantes terrestres? A Bíblia ordena que os cristãos sejam leais às "autoridades que existem" (Romanos 13:1). Devemos ser os melhores cidadãos, mas a nossa lealdade suprema deve estar voltada para o Rei dos reis e Senhor dos senhores.

quarta-feira, 14 de março de 2012

TIÇÃO TIRADO DO FOGO

Mas o Senhor disse a Satanás: O Senhor te repreende, ó Satanás. ...Não é este um tição tirado do fogo? Zacarias 3:2

Samuel Wesley, pai de João e Carlos Wesley, fundadores do metodismo, era o clérigo responsável pela paróquia de Epworth, em Lincolnshire, de 1697 a 1729. Os dois rapazes nasceram na paróquia de Epworth, em 1702 e 1707, respectivamente. Em 1709, quando João tinha 6 anos de idade, a casa paroquial e tudo o que havia lá dentro ardeu completamente. A família Wesley tinha muitos filhos. Todos foram retirados com segurança, excepto o João.
O Joãozinho aparentemente ficou esquecido, até ao momento em que o telhado estava quase a cair e se ouviu o menino a chorar. O pai correu para as escadas, mas elas já estavam tão consumidas pelo fogo, que não suportariam o peso dele. Desesperado, pôs-se de joelhos e suplicou a Deus que lhe salvasse o filho. E Deus ouviu aquela oração!
Enquanto ele orava, o João subiu para uma cómoda, num lugar onde alguns vizinhos conseguissem vê-lo. Um senhor corajoso, em pé sobre os ombros de outro, puxou o menino pela janela exactamente antes de o tecto desabar. Essa experiência foi tão marcante na memória do João, que alguns anos mais tarde ele escreveu estas palavras como legenda de uma foto sua: "Não é este um tição tirado do fogo?"
O cenário das palavras de Zacarias é o regresso dos judeus, do cativeiro em Babilónia. Tanto as forças visíveis como as invisíveis, do bem e do mal, lutavam pela supremacia. Em 538 a.C., Ciro tinha promulgado o decreto permitindo que os judeus voltassem para a sua pátria e reconstruíssem o templo. Mas Satánas opôs-se-lhe, através de uma ordem emitida pelo falso rei Bardiya - o mago Gaumata.
Na visão de Zacarias 3, Josué, o sumo sacerdote, representa o penitente povo de Deus a quem Satanás se opõe com acusações. Ele aponta-lhes os pecados antigos como a razão de não serem restaurados ao favor divino. Mas esses judeus que regressavam, já se tinham arrependido dos seus pecados e Deus, por conseguinte, podia repreender Satanás e resgatá-los como tições tirados de uma fogueira.
Em certo sentido, cada um de nós que se arrepende e aceita a salvação é um tição retirado de um incêndio.

terça-feira, 13 de março de 2012

PÃO DO CÉU

(Deus) ordenou às alturas, e abriu as portas dos céus; fez chover maná sobre eles, para alimentá-los, e deu-lhes cereal do céu. Salmo 78:23 e 24

No início de 1931, uma determinada região do norte da China, onde havia um posto missionário, estava a passar por uma crise de fome devido a uma seca. Os missionários tinham alimentado, com o seu próprio abastecimento muitos chineses esfomeados, mas chegou uma altura em que não havia mais nada, nem para eles mesmos. Na crise que sobreveio a seguir, eles procuraram garantir aos seus amigos chineses que o Deus do Céu era um Deus que ouvia e atendia as orações. Mas eles fizeram algo mais do que simplesmente garantir. Convidaram os chineses para participar em reuniões de oração, todas as tardes.
No quarto dia depois de ter começado essa intercessão junto de Deus, alguém interrompeu a reunião para mostrar o que estava a acontecer do lado de fora. Então as pessoas viram uma nuvem muito escura ao longe, no lado do norte. Vinha na direcção deles. Quando estava a passar por cima do local, começou a chover torrencialmente, mas não era uma chuva comum! O que Caiu eram milhões e milhões de sementes escuras, uns grãos. Depressa se descobriu que eram comestíveis, e o suprimento que caiu foi suficiente para socorrer o povo até à colheita.
Posteriormente, os missionários souberam que um vento forte na Mongólia tinha destruído alguns celeiros onde esses grãos estavam armazenados. As sementes foram levadas ao longo de 2.400 quilómetros e caíram exactamente na região onde estavam a ser feitas as orações.
Será que isto foi milagre ou apenas coincidência? Foi uma resposta à oração ou simplesmente "uma dessas coisas que acontecem"? Eu creio que foi um milagre realizado em resposta à oração, embora possa ter uma explicação no mundo natural. Deus é soberano. Ele não Se limita a realizar maravilhas dentro das modalidades que o homem prescreve.
Embora se chame milagre a algo que ocorre no mundo físico, mas que se desvia das leis conhecidas da Natureza, isso ainda não é o maior dos milagres. O maior de todos os milagres é a transformação que ocorre quando Deus faz com que um vil pecador se torne santo. Você e eu podemos permitir que aconteça esse milagre.

segunda-feira, 12 de março de 2012

SALVAR UMA ALMA DA MORTE

Aquele que ajuda um pecador a abandonar o seu caminho errado salva-lhe a vida e alcança o perdão de muitos pecados. Tiago 5:20 (Tradução Interconfessional em Português Corrente)

Certa noite, no Outono de 1989, pouco depois da Mónica, a nossa netinha de 4 anos, e a sua irmã Elizabeth, de 6 anos, terem vindo juntamente com os seus pais morar connosco, as meninas brincavam silenciosamente no quarto - silenciosamente demais, talvez. De repente ouvi a Elizabeth gritar:
- Depressa! A Mónica está quase a cair do telhado! (Ela queria dizer 'da janela'.)
Eu estava a ler sentado na cama quando ouvi o pedido de socorro e saltei para a janela do meu quarto para olhar o único telhado a que ela poderia estar a referir-se. Não vi nada que me alarmasse.
A Elizabeth, entretanto, continuava a gritar:
- Venham depressa! Rápido! Ela vai cair!
Corri até ao quarto das meninas no segundo andar. O pai, que estava a estudar no seu quarto no outro lado do corredor, chegou primeiro. Mas eu cheguei a tempo de ver a Mónica agarrada ao parapeito da janela com a ponta dos dedos, enquanto a Elizabeth a segurava pelos braços como se estivesse a salvar a própria vida.
Num piscar de olhos, o pai agarrou a Mónica e puxou-a para dentro, em segurança. Com as energias esgotadas, ele sentou-se numa das caminhas com o rosto enterrado entre as mãos. Quando todos estávamos mais calmos, ajoelhámo-nos e agradecemos a Deus por ter poupado a vida da Mónica e por ter dado à Elizabeth a presença de espírito para ficar a segurar a irmãzinha.
Como foi que aquilo aconteceu? As meninas estavam a brincar junto ao parapeito da janela e desprenderam a rede de protecção. Depois, inclinando-se para fora, a Mónica perdeu o equilíbrio e começou a cair. A Elizabeth conseguiu segurar-lhe os braços e ficou agarrada à irmã até que o pai a conseguiu apanhar. Se a Elizabeth não tivesse ajudado a irmã, é bem possível e até provável que hoje não tivéssemos a Mónica connosco, pois debaixo da janela, a uma grande altura do chão, estava também um monte de tábuas cheias de pregos enormes.
As pessoas, em geral, mostram grande preocupação por alguém cuja vida física esteja em risco. Poucas, entretanto, mostram o mesmo interesse quando se trata de salvar alguém em perigo de perder a vida eterna. Pensemos nisto!

domingo, 11 de março de 2012

CAMINHAR NA LUZ

Se dissermos que mantemos comunhão com Ele, e andarmos nas trevas, mentimos e não praticamos a verdade. Se, porém, andarmos na Luz, como Ele está na luz, mantemos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo o pecado. I João 1:6 e 7

Todos nós já vimos uma bola rolar pelo chão e ter a sua direcção e velocidade alteradas por uma pedra. Esse fenómeno é conhecido como a primeira lei da termodinâmica de Newton. De acordo com esse princípio, 'um corpo permanece em estado de repouso ou de movimento uniforme em linha recta, a menos que uma força externa actue sobre ele'. No exemplo em questão, a inércia da pedra é a força externa exercida sobre a bola.
A Bíblia de vez em quando usa a palavra 'caminhar' para descrever o modo de vida, bom ou mau, de uma pessoa. Por exemplo, Colossenses 1:10 fala de andar de modo "digno do Senhor", enquanto Job 34:8 fala de caminhar "com homens perversos". Quando o impulso do nosso modo de vida aumenta, é descrito como corrida. Assim, o Salmo 119:32 fala de percorrer o caminho dos mandamentos de Deus, e Isaías 59:7 fala de pés que correm para o mal.
O termo 'conversão', como é usado na Bíblia, significa literalmente 'meia-volta'. Quando uma pessoa se converte sob a influência do Espírito Santo, ela deixa os seus maus caminhos e começa a mover-se na direcção de Deus. Implícita nessa mudança de direcção está a ideia de ímpeto ou impulso - a tendência de continuar o movimento numa determinada direcção.
De acordo com essa analogia, se uma pessoa está a caminhar na direcção de Deus e cai em tentação, o seu avanço é atrasado - e não necessariamente detido. Por outras palavras, ela não fica imediatamente 'perdida', para ser 'salva' só quando confessar e arrepender-se. Mas, se uma pessoa continua a ceder à tentação, nalgum ponto a sua jornada perde a 'velocidade' e finalmente começa um movimento de retrocesso. Se imaginarmos a vida cristã como uma escalada ou subida, o que é isso senão cair para trás, ou seja, apostasia?
Mas a analogia não precisa de terminar desta maneira. Se, em lugar de sermos vencidos, nós vencermos a tentação pela graça de Deus, o nosso movimento da direcção do Céu na realidade aumenta. Que seja essa a sua experiência, ao caminhar na luz da presença de Cristo!

sábado, 10 de março de 2012

UM NOVO CONCERTO

Porque esta é a aliança que firmarei... diz o Senhor. Na mente lhes imprimirei as Minhas leis, também no coração lhas inscreverei. Jeremias 31:33

Quando William Penn assumiu os seus deveres como principal magistrado da província da Pensilvânia, convocou uma reunião com os chefes indígenas da região. Na hora marcada, Penn chegou ao local combinado para o encontro, na companhia de alguns amigos desarmados, vestindo todos eles os trajes simples dos quacres.
Comunicando-se através de um intérprete, Penn disse:
- Meus amigos, nós encontramo-nos no amplo caminho da boa fé. Somos todos carne e sangue. E como irmãos, nenhum de nós tirará vantagem do outro. Quando surgirem disputas, nós vamos resolvê-las pacificamente, em conselho. Entre nós não haverá nada que não seja franqueza e amor.
O porta-voz dos chefes respondeu:
- Enquanto os rios fluírem e o sol brilhar, nós viveremos em paz com os filhos de William Penn.
Nunca foi feito um registo formal do tratado. Os seus termos foram escritos não num pergaminho perecível, mas no coração de homens. Durante os 70 anos em que a colónia permaneceu sob o controlo dos quacres, nem uma gota de sangue foi derramada em luta dentro das fronteiras da Pensilvânia. O tratado escrito no coração de homens sinceros e honestos revelou-se muito mais eficaz do que qualquer documento legal, cujos termos as partes interessadas podem não levar a sério.
Quando Deus deu a Israel a lei dos Dez Mandamentos, Ele (o próprio Deus!) escreveu os Seus preceitos sobre pedra. Esses princípios serviram de base para o concerto ou pacto que Deus fez com eles. Não havia dúvida de que esses mandamentos eram santos, justos e bons, ou de que Deus pudesse não cumprir a Sua parte do contrato. Mas em menos de 40 dias os israelitas tinham quebrado a sua parte e adoraram um bezerro de ouro (ver Êxodo 32). Porquê? Porque não permitiram que Deus escrevesse os princípios da Sua santa lei nos seus corações.
Quando permitirmos que Deus escreva os Seus dez mandamentos no nosso coração, ou seja, na nossa mente, teremos prazer em fazer a Sua vontade (ver Salmo 40:8). Porque não deixar que Deus escreva a Sua lei na nossa mente nesta manhã?

sexta-feira, 9 de março de 2012

DEUS - O PRIMEIRO NA NOSSA VIDA

Acrescentou Deus: Toma o teu filho, teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai-te à terra de Moriá; oferece-o ali em holocausto, sobre um dos montes, que eu te mostrarei. Génesis 22:2

Abraão deve ter empalidecido ao ouvir esta ordem pavorosa. Isaque não era o seu único filho. Ele tinha Ismael. Mas Isaque nascera de um modo singular, para ser a 'semente'. Não sabemos como Abraão concluiu que a voz era de Deus; sabemos apenas que ele entendeu que Deus tinha dado a ordem. O velho homem deve ter sentido necessidade de conversar sobre isso com Sara. Mas não - ela iria impedi-lo de obedecer.
O lugar designado para o sacrifício, o Monte Moriá, ficava a uma distância de três dias de caminho do acampamento de Abraão. Tomada a decisão, o idoso homem levantou-se bem cedo e arreou um jumento. Levando Isaque e dois servos, bem como a lenha para o sacrifício, completou penosamente o que deve ter sido uma jornada melancólica. Durante aqueles três dias, tudo no íntimo de Abraão deve ter morrido, com excepção da sua fé!
Chegados ao Monte Moriá, Abraão e Isaque prepararam o altar para o sacrifício. Isaque tinha feito perguntas difíceis. Quando soube que ele mesmo deveria ser o sacrifício, deve ter ficado horrorizado. Quem não ficaria? Mas ele tinha aprendido a confiar no seu pai, a obedecer-lhe e - acima de tudo - tinha aprendido a obedecer ao Deus do seu pai e a confiar n'Ele. Cria que Deus podia restaurar-lhe a vida (ver Hebreus 11:17-19).
Isaque, obediente, subiu, deitou-se sobre o altar e esperou o golpe que poria fim à sua vida. (Era essa a maneira de Deus mostrar a Abraão a dolorosa agonia que Ele mesmo experimentaria quando, em favor de todos nós, entregasse o próprio Filho amado às exigências da justiça?).
Com mãos trémulas, o velho homem desembainhou a faca e ergueu-a acima da sua cabeça. Quando a mão começou a descer, o Anjo do concerto clamou do Céu: - Abraão, Abraão!
- Sim, Senhor - respondeu ele.
- Não estendas a tua mão sobre o moço, e não lhe faças nada; porquanto, agora sei que temes a Deus, e não me negaste o teu filho, o teu único filho. (Génesis 22:12).
É improvável que Deus venha a pedir a si ou a mim ou a qualquer outra pessoa que nos submetamos a uma prova como a de Abraão, mas a pergunta é:
- Ocupa Deus o primeiro lugar na sua vida, na minha vida?

quinta-feira, 8 de março de 2012

PALAVRA TÃO VALIOSA COMO UM JURAMENTO

Eu, porém vos digo que, de maneira nenhuma jureis. ...Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; Não, não; porque, o que passa disto é de procedência maligna. Mateus 5:34 e 37

Os nossos amigos quacres levam essa ordem de Jesus a sério, literalmente. Nós louvamo-los por serem conscienciosos, embora possamos pensar que levam as palavras de Cristo longe demais - afinal de contas, Ele mesmo respondeu sob juramento (Mateus 26:63 e 64), e Paulo repetidas vezes invocou Deus como testemunha de que estava a dizer a dizer a verdade (II Coríntios 1:23; 11:31; I Tessalonicenses 5:27).
Em meados do século dezassete, um grupo de quacres foi preso em Londres, por se ter recusado a prestar um juramento judicial.
- A lei exige que vocês jurem que as vossas declarações são verdadeiras - gritaram os oficiais do tribunal.
Ao que os quacres responderam:
- Não. A palavra de um homem é tão séria como um juramento deve ser.
E assim foram parar à prisão.
As condições na prisão eram tão horríveis, que um dos quacres morreu poucos meses depois. Em 1662, um júri de instrução foi à prisão para realizar um inquérito sobre a morte do homem, e ficou tão horrorizado com as condições ali existentes, que os jurados se admiraram de não terem morrido mais pessoas.
Um xerife foi enviado à prisão com a ordem de transferir 30 dos quacres para outra penitenciária, a fim de diminuir o excesso de lotação da cela em que eles se encontravam.
Foi então que aconteceu uma coisa estranha. O porteiro, que tivera ocasião de observar o comportamento dos quacres e devia acompanhá-los à nova cela, disse:
- Vocês, que devem ir para a Prisão Bridewell, sabem como lá chegar. A vossa palavra é digna de confiança. Não há necessidade que eu vos acompanhe.
Enquanto os moradores de Londres observavam os prisioneiros, esfarrapados e subnutridos, caminharem dois a dois pelas ruas, carregando às costas os seus pertences, alguém perguntou a Thomas Elwood, o líder dos quacres, porque é que eles não fugiam. A resposta dele é memorável:
- Porque a palavra que demos é o nosso guarda.
Todos nós podemos aprender uma lição com esses fiéis e destemidos cristãos. Que Deus nos ajude a mantermo-nos tão leais às promessas que fazemos, que a nossa palavra seja melhor do que qualquer tipo de juramento judicial.

quarta-feira, 7 de março de 2012

LEMBRAR-SE DE ESQUECER

Eu, eu mesmo, sou o que apago as tuas transgressões por amor de Mim, e dos teus pecados não Me lembro. Isaías 43:25

O tempo é um grande remédio. Enquanto ele passa, as coisas de menos importância tendem a tornar-se insignificantes e a desaparecer. As coisas difíceis de esquecer são geralmente aquelas que nos magoam o ego ou a consciência. Todos nós conhecemos pessoas que nunca perdoam e nunca esquecem. Também conhecemos pessoas que perdoam (ou pelo menos dizem que perdoam), mas nunca esquecem. Com Deus é diferente. Quando os nossos pecados são confessados, perdoados e abandonados, Ele trata-nos como se nunca tivéssemos pecado. A única maneira de fazê-los reviver é procurá-los novamente. (Ver Ezequiel 33:8-16.)
Porque iria alguém procurar trazer os seus pecados de volta, quando Deus os colocou fora da Sua memória tão completamente (é um mistério), a ponto de tratar-nos como se nunca tivéssemos pecado? Talvez nunca cheguemos a entender como Deus faz a parte d'Ele, mas pela fé podemos aceitar o facto de que Ele tem o poder para fazê-lo.
Clara Barton, fundadora da Cruz Vermelha Americana, conversava certo dia com uma amiga, quando esta lhe perguntou se ela se lembrava de um acto especialmente cruel de alguém contra ela, infligido anos atrás. Clara disse que não se lembrava do incidente.
- Mas tu não podes ter-te esquecido - insistiu a amiga.
- Não - respondeu Clara. - Eu não me recordo mesmo, mas eu lembro-me perfeitamente de tê-lo esquecido.
Uma leve repreensão?... Provavelmente. Afinal de contas, como pode alguém esquecer-se de algo do qual se lembra perfeitamente de ter esquecido? Paradoxal, não é? Parece uma contradição, mas na verdade não é. Algumas coisas podem ser tão dolorosas, que a pessoa não consegue lembrar-se delas.
Normalmente, uma pessoa considera muito difícil esse processo. Mas no domínio espiritual, podemos consegui-lo quando nos tornamos participantes da natureza divina. Se o consentirmos, Deus, que é um perfeito 'esquecedor', partilhará connosco essa capacidade especial, de modo que nós também não nos lembremos mais dos nossos pecados. A razão, naturalmente, é que Jesus tomou sobre Si esses pecados, e eles deixaram de ser nossos.

terça-feira, 6 de março de 2012

SAMARITANOS SEM NOME

Certo samaritano, que seguia o seu caminho, passou-lhe perto e, vendo-o compadeceu-se dele (do homem ferido). E, chegando-se, pensou-lhe os ferimentos. Lucas 10:33 e 34

Num Inverno, durante a última parte do século dezoito, Jean Frédéric Oberlin, pastor na Alsácia, França, viajava a pé pelas montanhas nas proximidades de Estrasburgo, quando se perdeu. Teria morrido com certeza, caído no meio de um temporal de neve, se não tivesse sido apanhado por um carroceiro que casualmente por ali passava. Depois de recuperar os sentidos, Oberlin ofereceu uma recompensa ao seu benfeitor. O homem, polidamente, recusou-se a aceitar qualquer coisa.
- Bem - disse Oberlin - diga-me pelo menos o seu nome.
- Está certo - respondeu o estranho com um sorriso. - Diga-me o nome do Bom Samaritano.
- O seu nome não ficou registado - respondeu Oberlin.
- Então permita-me ocultar o meu - insistiu o estranho.
A pecaminosa natureza humana nem sempre é tão modesta. Ela anseia por reconhecimento, mesmo que rejeite uma recompensa. Jesus falou acerca dessa fraqueza em algumas ocasiões.
Era costume entre os judeus levantar impostos entre os membros da comunidade para suprir as necessidades dos pobres. Esses recursos eram aumentados por ofertas voluntárias. Além disso, de tempos em tempos eram feitos apelos para contribuições, em reuniões ao ar livre nas ruas. Especialmente, neste último caso, as pessoas eram tentadas a contribuir com grandes somas para receberem a adulação e o louvor dos circunstantes. Jesus comentou que essa forma de dar violava o genuíno espírito da caridade.
Esse é um dos extremos, mas existe o perigo de se passar para o extremo oposto, que consiste em fazer alarde quanto ao facto de não ter sido reconhecido, o que na verdade é o mesmo que chamar a atenção para aquilo que se fez!
Não sabemos quais foram as razões por que o carroceiro não quis revelar o seu nome. No nosso ponto de vista, pareceria um acto cortês. Não devemos, entretanto, julgar os seus motivos, pois não conhecemos todas as circunstâncias. Uma coisa é certa: o motivo do cristão para fazer o bem é para glorificar a Deus, e não a si mesmo.

segunda-feira, 5 de março de 2012

TESTEMUNHO INCONSCIENTE

Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder a cidade edificada sobre um monte; ... Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus. Mateus 5:14 e 16

Há muitos anos, uma tempestade violenta derrubou uma igrejinha na costa sul da Inglaterra. A congregação era muito pobre para poder reconstruí-la. Certo dia, um representante do Almirantado visitou o pastor e perguntou-lhe quando é que os seus paroquianos pretendiam construir uma nova igreja.
- Provavelmente, nunca - respondeu o pastor. - A congregação é muito pobre.
- Bem - disse o representante do Governo - se vocês não puderem reconstruí-la, o Almirantado vai ter de fazê-lo. A sua congregação pode não saber, mas a torre da igreja era uma das referências pelas quais os navios guiavam o seu curso através do Canal. Desde o seu desaparecimento, temos recebido muitas reclamações e pedidos de ajuda.
Às vezes, um estilo de vida despretensioso, pequenos actos inesquecíveis de bondade, palavras encorajadoras proferidas sem premeditação, podem ser veículos através dos quais o Espírito Santo alcança almas e gera nelas o desejo de permitir que Cristo assuma o controlo da vida. Esses actos são como o testemunho inconsciente daquela pequena igreja.
Quando a minha mulher e eu fomos missionários em Boa Vista, capital de Roraima (na época, o território de Rio Branco), no Brasil, uma senhora pediu estudos bíblicos. Eu não sabia, mas aquela senhora tinha um filho adulto com atraso mental.
Certo dia, no meio de um estudo, ele entrou repentinamente na sala, despido e a gritar de modo inarticulado. Fiquei atónito; a mãe, embaraçada, mandou-o sair. Tentei aparentar serenidade, mas sei que não consegui.
Poucos dias depois, o nosso período de trabalho terminou e não cheguei a completar os estudos com aquela senhora. Perdemos o contacto com ela e considerei o meu testemunho um fracasso. Mas aparentemente não foi. Graças a Deus por isso! O meu amigo disse-me que ela alegava ter sido eu o instrumento para a sua entrega a Cristo, mas não reconheço nenhum crédito a meu favor.
Será que, em alguns casos, o nosso testemunho cristão é inconsciente?

domingo, 4 de março de 2012

FORAM ACHADAS DUAS OVELHAS PERDIDAS

O meu povo tem sido ovelhas perdidas. ...Todos os que as acharam as devoraram; e os seus adversários diziam: Culpa nenhuma teremos; porque pecaram contra o Senhor. Jeremias 50:6 e 7

O falecido Dr. P. W. Philpott, pastor de uma igreja em Hamilton, no Canadá, costumava contar como um estranho uma vez o despertou às três horas da madrugada e lhe pediu que fosse orar por uma prostituta moribunda. Levantou-se, vestiu-se e acompanhou o estranho até ao local de prostituição. Lá encontrou uma jovem, adolescente ainda, a morrer. Examinou as suas feições por alguns momentos, para ver se a reconhecia. Não a reconheceu.
- O meu nome é Maria - disse ela. - O senhor não me conhece, mas eu conheço-o. Pedi para o chamarem porque tinha a certeza de que viria orar por mim. Como vê, eu sei que vou morrer. As outras não acreditam, mas eu sei que estou a morrer.
Enquanto o Dr. Philpott pensava naquilo que iria dizer, Maria pediu-lhe que lesse a Parábola da Ovelha Perdida. Depois de a ler, ele acrescentou o versículo que diz que o Bom Pastor dá a Sua vida pelas Suas ovelhas (ver Lucas 15:3-7; João 10:11).
Enquanto o Dr. Philpott se ajoelhava e orava, as outras colegas, aos soluços, ajoelharam-se à volta do leito da Maria. Quando ele terminou, Maria disse:
- Estou contente por o Bom Pastor me ter encontrado antes de ser demasiado tarde!
Com a esperança de que a Maria se restabelecesse, o Dr. Philpott foi para casa. Quando voltou na manhã seguinte, uma das jovens saiu a chorar e contou-lhe que a Maria tinha morrido.
Anos mais tarde, numa outra cidade, uma mulher dirigiu-se ao Dr. Philpott após o culto e disse:
- O senhor não se lembra, mas fui eu que lhe contei naquele dia que a Maria tinha morrido. Só que houve uma outra coisa que não lhe contei. No dia em que o Bom Pastor pôs a Maria sobre um ombro, Ele pôs-me sobre o outro.
E ela descreveu o ocorrido deste modo interessante.
A sociedade condena as meretrizes, e geralmente desculpa os homens responsáveis por iniciar e perpetuar a prostituição. O Bom Pastor não desculpa a prostituição, mas olha para além do pecado e vê, nesses homens e mulheres, almas a serem salvas. Não deveríamos nós fazer o mesmo?

sábado, 3 de março de 2012

GUIA DIVINA

Bom e recto é o Senhor. ...Guia os humildes na justiça, e ensina aos mansos o Seu caminho. Salmo 25:8 e 9

Adonirão Judson, missionário americano baptista na Birmânia, o primeiro missionário a deixar o solo americano, sentiu o chamado de Deus para o trabalho nas missões no início do século dezanove. Em Fevereiro de 1810, dedicou a sua vida para esse fim. Dois anos mais tarde, ele e a sua esposa Ann Hesseltine partiram de barco para Calcutá, Índia, onde aportaram no dia 17 de Julho - um dia antes da deflagração da Guerra de 1812.
As relações entre a Inglaterra e a América tinham estado tensas durante algum tempo, de modo que não foi surpresa o facto de a Companhia Britânica da Índia Oriental ter ordenado que o casal deixasse o país. Foi com tristeza que eles foram para a ilha de Maurício, ao sul da Índia.
Quatro meses mais tarde voltaram para a Índia (desta vez para Madras), com a intenção de avançar na direcção do Polo Penang, uma ilha no Estreito de Malaca, onde esperavam estabelecer uma missão. Mais uma vez, a Companhia Britânica da Índia Oriental ordenou que saíssem da Índia; desta vez, a ordem era para que partissem imediatamente.
Como não havia navios destinados a Polo Penang, só um que estava de partida para Rangum, Birmânia (actualmente Mianmá), os Judson embarcaram nele. A Birmânia era o último lugar no mundo que eles teriam escolhido para o seu trabalho, mas mesmo assim sentiram que Deus os conduzia para lá. Desembarcaram em Rangum no dia 13 de Julho de 1813, e Deus começou a abrir o caminho para que levassem Cristo aos habitantes daquele país.
A despeito de perseguições, prisão, doenças graves e a morte sucessiva de três esposas, Judson continuou a trabalhar na certeza de que Deus o guiava e continuou a servir o povo da Birmânia durante os 37 anos seguintes. Apesar de todas as provações que suportou, conseguiu não só aprender o birmanês para poder pregar, mas concluiu uma tradução da Bíblia nessa língua em 1834. Mais tarde, compilou uma gramática birmanesa, bem como um dicionário.
O Senhor abençoou os esforços de Judson com muitas conversões a Cristo. "A história subsequente" - escreveu o seu filho Edward, anos mais tarde - "provou que a mão que (o) conduziu ... de modo tão estranho e severo foi a mão que nunca erra."
Essa mesma mão está pronta para o guiar a si e a mim, se formos humildes e estivermos dispostos a ser ensinados.

sexta-feira, 2 de março de 2012

A VULNERABILIDADE DOS JUSTOS

Tendes condenado e matado o justo, sem que ele vos faça resistência. Sede, pois, irmãos, pacientes, até à vinda do Senhor. Tiago 5:6 e 7

Crê-se que Aristides, o Justo, um general e estadista ateniense, recebeu essa alcunha por causa da sua distribuição equitativa dos impostos entre os membros da aliança ateniense conhecida como a Liga Deliana.
Em 483 a.C. a ecclesia, ou assembleia dos cidadãos atenienses que se reunia no Areópago, votou banir Aristides do país por ele se ter manifestado contrário à política de Temístocles, outro general ateniense.
Conta-se que durante o processo um cidadão analfabeto, que não sabia quem era Aristides, lhe pediu que escrevesse 'Aristides' sobre um ostrakon (uma concha ou um fragmento de cerâmica), significando que o seu voto era a favor do exílio. Aristides fez o que o homem tinha pedido e depois perguntou se ele conhecia Aristides e, nesse caso, o que tinha contra ele.
- Não sei nada sobre Aristides - respondeu o homem - mas estou cansado de ouvir o povo chamar-lhe Aristides, o Justo.
(A nossa palavra 'ostracismo', por falar nisso, vem de ostrakon. Há muitos anos atrás, os arqueólogos realmente encontraram um caco de louça com o nome Aristides aí riscado; pensa-se que era um voto a favor do seu exílio.)
Alguém pode pensar que Aristides, por ter sido banido pelos seus concidadãos, se tenha voltado contra o seu mal-agradecido país, mas ele não o fez. Em 480 a.C., voltou para Atenas e desempenhou um papel importante vencendo a Maratona. Poucos dias mais tarde, na batalha de Salamis, prestou um serviço leal a - imaginem só - Temístocles, o seu oponente político.
Embora Aristides descendesse de uma abastada família ateniense, morreu pobre; tão pobre, na verdade, que não sobrou dinheiro suficiente para pagar o seu funeral.
Com frequência acontece que, à semelhança de Aristides, "quem se desvia do mal é tratado como presa". Isaías 59:15. Mas os cristãos têm o mesmo consolo de saber que Deus está a par das injustiças, pois Isaías continua a dizer: "O Senhor viu isso, e desaprovou o não haver justiça." Embora devamos ser "prudentes como as serpentes" (Mateus 10:16), nunca devemos tornar-nos cínicos. Antes, continuemos a amar e a fazer todo o bem possível àqueles que podem não gostar de nós.

quinta-feira, 1 de março de 2012

JUNTO AO TRONO DA GRAÇA

Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna. Hebreus 4:16

No antigo Próximo Oriente, os súbditos aproximavam-se do trono de um rei com uma postura de submissão. Naquele tempo, ir sem ser convidado à presença de um potentado terrestre podia significar a morte (ver Ester 4:11). Mas os tempos mudaram. Durante muitos anos, tem sido costume na Arábia Saudita que qualquer súbdito, até mesmo o cidadão mais humilde, compareça perante as autoridades superiores e lhes apresente o seu pedido - quer se trate de um chefe tribal, governador ou mesmo o próprio rei. Mas foi só a partir de 1952, quando o Abdul Aziz promulgou um decreto, que esse costume se tornou oficialmente um direito. Mesmo assim, embora os sauditas tenham esse direito, creio que nenhum cidadão comparece diante do rei sem lhe mostrar o devido respeito.
Algumas versões traduzem a palavra parresia como ousadamente, em lugar de confiadamente, como está no nosso texto de hoje. Embora ousadamente seja uma tradução permissível, ela pode ter a conotação de insolência atrevida, e essa não é com certeza uma atitude com a qual devamos chegar-nos ao trono do Rei do Universo.
Tenho ouvido, contudo, alguns cristãos darem a impressão de que têm o direito de irem junto a Deus com arrogância e eficiência, porque Cristo morreu por eles. Isso, penso eu, é um erro.
Um dos significados de graça (no grego, charis) é 'favor imerecido'. Isto parece sugerir que a atitude apropriada para aproximar-se do trono, do qual se dispensa um favor imerecido, é humildade em lugar de insolência atrevida. Por outro lado, isso não significa que devamos aproximar-nos de Deus com uma atitude servil ou tímida, duvidando que nos receba; pois Ele recebe todos os que a Ele vão com fé, procurando com humildade o Seu favor não merecido (ver Tiago 4:6).
Mas graça também tem outro significado - poder divino para cumprir a vontade de Deus. Paulo refere-se à graça neste sentido quando diz que a graça que Deus lhe concedeu "não se tornou vã, antes trabalhei muito mais do que todos eles; todavia não eu, mas a graça de Deus comigo." I Coríntios 15:10.
Todos nós precisamos da graça, não só para perdão dos pecados, mas que nos capacite a vencer o pecado quando somos tentados.

Cântico inspirador: Maravilhosa Graça em Links 5M