quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

A VOZ DE DEUS

... E a Sua voz (era) como a voz de muitas águas. Apocalipse 1:15

Quando as luzes do primeiro século se apagavam, na rochosa ilha de Patmos, situada no mar Egeu, encontrava-se exilado o evangelista João, o último sobrevivente dos 12 apóstolos de Cristo. Naquela solitária colónia penal, entre o silêncio dos penhascos e o ruído das ondas do mar açoitadas pelo vento, ele contemplava a glória do Senhor. Em visão fulgurante, viu "ao Filho do Homem, vestido até aos pés de um vestido comprido, e cingido pelos peitos com um cinto de ouro." (Apocalipse 1:13). E concluiu a sua descrição com esta síntese magistral: "e a sua voz (era) como a voz de muitas águas".
A voz de Deus chega aos homens em distintas manifestações, e ouvimo-la em vários matizes. Por vezes, percebemo-la no ruído estrepitoso das grandes cachoeiras; ou no murmúrio quase imperceptível dos regatos que se movem suavemente. A voz de Deus faz-se ouvir algumas vezes no sopro impetuoso das tormentas ou também na brisa fresca das manhãs primaveris. Ouvimo-la no clarão dos relâmpagos que iluminam as noites tempestuosas e nas miríades de estrelas que cintilam nas nossas noites tropicais.
Moisés ouviu a voz de Deus no meio da sarça que ardia, mas não se consumia. Elias ouviu-a, quando esmagado pelo desalento, deitado debaixo de uma árvore num dos desertos de Horeb. Escutou-a Isaías, no templo: "Vi ao Senhor assentado sobre um alto e sublime trono. ... E ouvi a voz do Senhor." Isaías 6:1, 8.
Escutaram, enfim, a voz de Deus, homens e mulheres piedosos através da história. A Palavra declara: "Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho." Hebreus 1:1.
Quando escutamos a voz de Deus, algo extraordinário sucede dentro de nós. Não podemos escutar essa voz e seguir o curso da nossa vida sem experimentar uma grande transformação. Bastará ouvi-la uma só vez para que a consciência da nossa própria pecaminosidade se desperte. E essa foi a experiência do profeta Isaías. Quando a voz de Deus ressoou na sua consciência, ele exclamou perplexo: "Ai de mim que vou perecendo, porque sou homem de lábios impuros." Isaías 6:5.
Mas quando a boca de Isaías foi tocada pela brasa viva tirada do altar, sentiu-se purificado dos seus pecados, e ao ouvir a "voz do Senhor que dizia: A quem enviarei e quem há-de ir por nós?" Respondeu Isaías: "Eis-me aqui, envia-me a mim." Isaías 6:6-8.
Felizes são os que, em meio à agitação e tumulto deste século, podem ouvir a voz de Deus falando-lhes ao coração.

Enoch de Oliveira in Cada Dia com Deus